segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O Mensalão, o STF e a Pizza

Foi criada a CPI do Mensalão, para apuração de uma rede de corrupção organizada no Governo Lula, o Procurador Geral da República reuniu elementos e ofereceu denúncia contra ex-ministros, políticos, publicitários e banqueiros, todos ligados ao chamado "valeriodutos".
Na denúncia, o Procurador separou os acusados de acordo com suas condições funcionais: núcleo político-partidário ( políticos que articularam ou se beneficiaram do esquema, como o ex-ministro José Dirceu, o deputado José Genoino e os dirigentes do PT Delúbio Soares e Silvio Pereira); o núcleo financeiro ( dirigentes do Banco Rural); e o núcleo publicitário ( articuladores do esquema de distribuição de dinheiro, tendo como mentor Marcos Valério).
O STF, em mais de 30 horas de Julgamento, recebeu a denúncia contra todos os 40 acusados, sob a relatoria do Ministro Joaquim Barbosa. A opinião pública impôs pressão determinante na postura dos Ministros, sempre tidos como ineficazes em seus julgamentos. Os 40 acusados serão processados. Mas serão punidos?
A resposta será positiva se a opinião pública continuar atuante, especialmente através da força da imprensa. Se isso acontecer, os Ministros do STF se obrigarão a julgar com celeridade e independência, apesar dos interesses políticos sempre presentes ( os Ministros são nomeados pelo Presidente da República). Mas, será negativa a resposta, diante da necessidade do Judiciário, além das possibilidades legais de se arrastar o processo.
Corremos, portanto, o risco de tudo se transformar em "pizza", algo como "ganhar mas não levar", pois o tempo é sempre o melhor remédio ao esquecimento.
O crime não compensa para nós, seres humanos normais e sem privilégios. Mas o Brasil tem a oportunidade de quebrar o forno, se passar a limpo, e dar a esperança ao povo de que todos são iguais perante a lei, e que esta existe e é respeitada. O tempo dirá.

Onde está o Ali Babá

O escândalo do mensalão, como ficou conhecida a compra de apoio político pelo governo, vem estendendo-se desde 2005. Depois de alguns fatos camuflados e outros esquecidos (não por nós - povo brasileiro, e sim pela imprensa), retornamos o assunto e agora com o tão esperado julgamento.
No dia 29 de setembro foi encerrado o julgamento que decidiu sobre denúncias da Procuradoria Geral da República contra os 40 acusados no caso, eles, agora como réus respondera a pelo menos um dos vários processos de formação de quadrilha, corrúpção ativa, evasão de divisas, conta no exterior, entre outros. E onde estava nosso excelentíssimo senhor presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, quando todo esse processo sujo estava sendo executado? Alias a pergunta talvez seja; onde ele estava que não ouviu e não viu nada?
A falsa imagem do governo do PT foi para o espaço com todos os escândalos vergonhosos, era preciso apenas olhar para o banco de réus, estavam lá três dos importantes ministros do nosso presidente. Sem citar muitos nomes, Lula foi o principal beneficiado pelo esquema, fazendo seu papel de vítima ao falar que foi traído, mas o povo brasileiro se pergunta a todo o momento, por quem?, mas não obtemos uma resposta, mesmo que saibamos realmente quem foram os “traidores” de Lula, quem nos garante que não seria apenas mais uma “historinha” de Lula para tentar pintar as partes feias de seu partido?
A partir dos 40 ladrões, quem sabe não descobrimos onde está o Ali Babá.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

A Conversa

Certo dia um grupo de amigos, em uma mesa de bar, conversava:
- E isso é motivo de orgulho? Orgulho é ter estado em Woodstock! Ter visto a música, a conscientização! Todo mundo unido por uma mesma causa, com um mesmo ideal!
Outro rebate:
-Que Woodstock nada! Orgulho mesmo é ter participado dos movimentos contra a ditadura militar! Se arriscar a ser morto, preso, torturado! Ajudar a por fim a censura!
Mais um presente a mesa diz:
-Deixa disso. Nada se compara a fazer parte das “Diretas já”, lutar pelo direito do voto, pela representação política!
Enquanto isso, um quarto amigo, em silêncio, apenas ouvia e balançava a cabeça. Percebendo tal gesto, os demais se voltaram para ele e disseram:
- O que foi? Diga-nos o que é motivo de orgulho para você.
- Orgulho é ajudar um adolescente a se livrar das drogas. Respondeu.
Os outros o olharam com certa reprovação e um deles exclamou:- Certo, certo. Mas isso, não tem nem comparação com a importância e relevância do que citamos!
O quarto amigo terminou de tomar seu copo de cerveja, levantou-se da mesa, olhou para os companheiros e disse:
- Você tem razão, não é algo tão extraordinário. Mas prefiro me orgulhar de algo que participei e vivencio, a grandes coisas das quais apenas aprendi em livros e não pude estar presente.Em seguida, este se levantou da mesa, despediu-se dos seus companheiros de bar e também de faculdade, e seguiu para o projeto social em que trabalha nos fins de semana.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Minha Solidão

Minha companhia hoje é a solidão. Exatamente hoje, é a melhor que eu poderia ter, pois me ouve calada, sem esboçar nenhuma reação, preenchendo cada canto da minha alma, do meu interior, mas deixando um leve vazio ao lado esquerdo do peito, meu coração.

Isso não me incomoda, pelo contrário, pois sei que ela me acompanha e se faz presente na ausência das minhas companhias, me protege contra qualquer luz que possa atrapalhar o aconchego da escuridão.

Essa solidão conforta minha dor, isso não é ruim. Eu recuso qualquer tentativa de aproximação. E sentindo meu coração sangrar, eu choro calada, minha respiração oscila, mas finjo não perceber, prefiro acreditar que estou protegida e me escondo da verdade. Mesmo porque, não sei se a verdade que todos acreditam seja realmente a verdade.

Minha vontade, muitas vezes é deixar algumas coisas para trás, andar de mãos dadas com a solidão até chegar a algum lugar distante, onde meu coração crie anticorpos contra a dor. Sei que posso não voltar, mas só saberei se tentar.

O lugar adequado para um coração

"Natalia não vá!" Minha razão esperneava por dentro e tentava me convencer que tudo aquilo era um engano. Mas eu, novamente deixei tudo de lado para escutar somente meu coração, que nem fazia forças para gritar, apenas sussurrava e segredava palavras e promessas luminosas ao pé do ouvido.

Acreditei. Enganei-me, sou dona de um coração acriançado, pueril e mais tolo que possa existir. Tentei arrancá-lo de dentro de mim, colocá-lo em uma pequena caixinha no fundo de um congelador, mas ele está preso, muito preso e agora sim grita para que eu acredite em suas palavras, para que eu acredite que nunca mais vai me fazer sofrer, grita para que eu o deixe ali, naquele lugar ardente, confortável, aconchegante e protetor, meu peito.

Dessa vez, não quis confiar em uma só palavra, agora os papéis estavam invertidos. Na minha cabeça, escutava uma voz que falava baixinho, de canto “está certo, faça o certo..” e meu coração demandava e suplicava apenas uma ultima chance.

Mas, chorando e com uma interminável dor dentro do peito, escutei pela única vez minha razão e arranquei, sem deixar nenhum resquício, tudo que sobrara desse tolo coração. Depois, o coloquei em uma caixinha junto com toda magoa e rancor que existia em mim e enterrei num lugar que nem mesmo eu sei onde fica. Talvez, esse lugar se chame passado. Passado no qual jurei nunca recordar. Jamais procurar cicatrizes antigas só pelo fato de saber que elas ainda permanecem lá, intactas, do jeito que as deixei um dia.

Hoje meu coração ainda deve chorar, gritar, espernear, no entanto faço questão de não o escutar mais, nunca mais.