terça-feira, 13 de novembro de 2007

Encontro de gerações

A lotação do metro me envolvia. Pessoas anunciando suas chegadas e partidas, barulhos de todos os tipos, de todos os lados.
Em meio a essa confusao,ali estava ele, um pobre senhor cabisbaixo, se apoiando nos cantos e procurando angustiado um lugar para descansar suas pernas. Sentou em minha diagonal, me encarou rapidamente e logo voltou ao seu estado de carência. Ele aparentava estar doente, enfraquecido. Uma fraqueza vinda da idade, ou talvez, do coração. Não era apenas tristeza que ele exalava, mas a sensação de ser mais alguém perdido no mundo. Mexia as mãos com serenidade, e ao mesmo tempo, passeava ansiosamente com os olhos pelo trem. Parecia que ele procurava por algo que o próprio sabia que nunca encontraria, algo que não estava ali. Quem sabe a si mesmo, um alguém que ele já foi e gostaria de reencontrar. Não penso que era uma procura pela juventude, mas pela vontade de viver. Lhe faltava o sorriso e a cabeça erguida, de como quem diz: "Estou aqui e sou alguém". Mas ao contrário disso, ele parecia querer se esconder no vão do túnel. Foram poucos minutos, mas aquela nossa conversa visual me disse muito. Toda vez que nossos olhos se encontravam eu sentia um pouco dele em mim, e de certo modo, um pouco do preto e branco que havia. Por instantes, senti que até eu mesma fiquei sem cor. E seria justo esbanjar minha alegria por minhas próprias conquitas tendo em mente aquele quadro de solidão? Fui embora, ele ficou. Aquele encontro, porém, permaneceu eterno.

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